Está provado...

Meias-finais do Europeu de 2000. Portugal encontra a França e faz um excelente jogo. A ganhar durante muito tempo após um grande golo de Nuno Gomes, Portugal não segura a vantagem e sofre o empate. No prolongamento, Portugal está muito perto de marcar o golo que lhe daria a final mas o guarda-redes da França faz uma grande defesa. Logo depois, o árbitro auxiliar descobre uma mão na bola (decisão correcta mas dificil de descurtinar) de Abel Xavier na área de Portugal. Zidane não falha e a França elimina Portugal. Os jogadores portugueses revoltam-se e queixam-se do poder que a França tem e são severamente castigados. Muitos deles disseram que se fosse na outra área a falta tinha sido ignorada. Nove anos depois, como se esperava, fica provado que tinham razão...

Afinal vamos...

Confesso que, há uns meses atrás, estava convencido de que Portugal não iria ao Mundial. Penso que Carlos Queiroz esteve quase a cometer a proeza de deixar fora do Mundial uma equipa com tantos talentos como Portugal. Passámos a Bósnia "sem espinhas" mas isso não esconde o percurso que fizemos antes. Portugal não tinha que sofrer tanto para chegar à África do Sul. Parabéns aos bravos portugueses que enfrentaram as adversidades de ontem com um sorriso nos lábios...

Depois de ti...

Pediram-me para escrever sobre Enke. Aliás, um amigo até por aqui escreveu que era uma falha imperdoável não haver um post sobre esse guarda-redes que defendeu com unhas e dentes durante três anos a baliza do Benfica, e tem razão. O título do post refere o que penso sobre Enke. Depois da sua saída para o Barcelona, nunca mais o Benfica teve um guarda-redes que me enchesse as medidas. Sem tirar mérito a Quim e Moreira, penso que Enke era de um mundo à parte e foi, nessa altura, um muito digno sucessor de Preud'Homme. Quando Robert Enke veio para o Benfica, tinha o banco e a camisola 12 como destino. Nesse mesmo ano, tinha sido contratado um "grande guarda-redes", Carlos Bossio. Felizmente, as contas sairam furadas a esse argentino de qualidade duvidosa e Enke agarrou o lugar sem qualquer contestação. Como escreveu ontem Miguel Góis no Record, "Enke teve também o mérito de fazer com que Bossio defendesse poucas vezes a baliza do Benfica". Enke esteve no Benfica num dos piores periodos da história do clube. Foi um periodo em que foi mesmo necessária muita competência na baliza para evitar resultados verdadeiramente humilhantes. Tive pena quando saiu. Enke merecia ter estado no Benfica numa altura diferente. A história de vida de Robert Enke, mostra que a vida de jogador profissional não é só facilidades. Enke deixou-se vencer pela depressão, uma doença que infelizmente afecta tanta gente. Esta foi uma bola que entrou na baliza de Enke e que não deveria ter entrado. É uma jogada em que Enke foi "mal batido". É dificil imaginar que a garra que ele colocava em cada jogada, não tenha conseguido colocar na sua vida para superar as duras adversidades que lhe surgiram. Que descanses em paz Enke...

Mourinho só há um...

Há alguns tempos atrás, Mourinho trouxe para o futebol português um fenómeno curioso: vários clubes partiram em busca de jovens e elegantes técnicos. Foi sol de pouca dura. Luís Campos foi o caso mais caricato e José Carlos Pereira talvez uma das poucas exepções.

Agora, parece que o fenómeno está de volta mas com algumas diferenças. Os alentejanos Paulo Sérgio e Lito Vidigal têm muita qualidade e provam que é possível fazer uma carreira séria sem atropelar ninguém. Vilas Boas parece ter colocado a Académica a jogar futebol e já está a ser assediado para um salto que pode ser para o precipício. A este jovem de 32 anos, aconselhava-se um início de carreira mais prudente. O ambiente em Alvalade não é bom e o balneário verde e branco é uma bomba relógio pronta a explodir. Sinceramente, e clubismos à parte, penso que o Sporting deveria apostar num técnico experiente e não num jovem que, talento e conhecimento à parte, pode não ter a "carta" necessária para conduzir um autocarro que não anda facilmente em linha recta. Cajuda e Manuel Machado talvez fossem uma solução mais prudente e segura. No entanto, parace que a aposta vai ser mesmo no discipulo de Mourinho, que não passa de isso mesmo...

Crises...

Muito se fala em crise. Nos últimos tempos, a crise tem sido desculpa para tudo. Também no futebol, parece que ela anda a fazer estragos, seja a nível financeiro, seja a nível de resultados.

Na minha opinião, no futebol não há crise. No futebol há falta de competência e qualidade. Há falta de qualidade em alguns árbitros que continuam a prejudicar os clubes e sem que paguem por isso. Há falta de qualidade em alguns jogadores que, com más decisões à frente da baliza, põem em risco o lugar do seu técnico. Há falta de competência dos dirigentes que continuam a contratar depois de verem um DVD. Nos casos mais graves, há dirigentes que fazem "panelinha" com grupos de empresários para assim tirarem dividendos. O futebol português teima em afastar público dos estádios devido ao preço dos bilhetes e, pelos vistos, este é um assunto que uns fazem questão de ignorar e outros de se fingirem preocupados.

A crise é esta. As crises de resultados não acontecem por acaso e têm sempre alguma razão de existir. Não se pode pedir a um treinador que faça o impossível com a matéria prima que tem à sua disposição. É preciso alguma ponderação e respeito por quem dá "o corpo às balas". ..